QUIET AMBITION

O novo jeito de se esquivar de fininho das tretas no trabalho

No mundo corporativo, um novo termo está sendo usado para se referir aos jovens que preferem não assumir posições de gestão. O termo é “quiet ambition” (algo como ambição silenciosa, em português) como descreve essa matéria da folha de São Paulo.

Esse termo veio na esteira do “quiet quitting”, que se refere àqueles que põe o mínimo necessário de esforço no seu trabalho para não serem demitidos e que não estão interessados em impressionar o chefe nem cavar promoções.

Essa discussão em trono da falta de ambição de funcionários nos ambientes corporativos me lembrou ainda outro termo, menos conhecido atualmente que os dois primeiros.

O termo é “Peter principle” ou Princípio de Peter, surgido pelo educador canadense Laurence Peter em um livro que supostamente deveria ser uma sátira, mas que algumas pessoas resolveram levar a sério. 

O que o Princípio de Peter descreve é a tendência de em uma organização hierárquica de promover seus funcionários com base em competência, até que eles alcancem uma posição onde serão incompetentes.  

Ou seja, um bom programador pode ser um mal gestor assim como um bom vendedor pode ser péssimo como gerente de estratégia comercial.

Segundo o Princípio de Peter, teria sido melhor que eles continuassem sendo programadores e vendedores no lugar de gestores e gerentes. 

É claro que o Princípio de Peter carrega algum exagero, como a sátira sugere.  

Porém, ele não me parece de todo equivocado.  

São comuns as histórias de pessoas que se sentem despreparadas para serem gestores, coordenadores, gerentes ou executivos, mas se sentem obrigadas a assumir esses cargos.

Muitas vezes o que está em jogo são questões emocionais de como lidar com as demandas e expectativas de outras pessoas ou de como lidar com a política corporativa.

No trabalho, assim como nas relações familiares, tendemos a repetir certos arranjos emocionais e muitas pessoas se assustam com como podem se envolver emocionalmente com disputas internas, criando rivalidades que parecem guerras de vida ou morte.

Outras pessoas sofrem com o cuidado para se comunicar com subordinados sem serem autoritárias ou abusivas.

Outras ainda são completamente cegas para sua própria falta de limites e acabam por atropelar subordinados, deixando um rastro de insatisfação.    

Não me espanta, portanto, que desencante muitos funcionários presenciar pessoas sendo promovidas a cargos de gestão sem carregar o preparo necessário.

Quando o Princípio de Peter se concretiza, não há como não sair quietinho. Que seja no modo quiet quitter ou quiet ambition

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